A apenas 5 meses da implementação do Novo Ensino Médio, previsto para janeiro de 2022, ainda não se tem noção exata dos impactos que as novas medidas terão na educação em curto e longo prazos e as dificuldades que alunos e professores terão para se adequarem â nova proposta. O que se sabe é que o Novo Ensino Médio ampliará o abismo de qualidade entre a educação pública e privada.
Dentre as mudanças que constam no texto da Portaria do Ministério da Educação (MEC) nº 521, publicada no Diário Oficial da União em 13 de julho deste ano, destacam-se o aumento da carga horária: a partir do ano que vem, o ensino médio terá uma carga de 3 mil horas anuais, divididas entre aprendizagens obrigatórias, determinadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC); e os chamados itinerários formativos que serão implementados em 2022.
No Novo Ensino Médio, os itinerários formativos, tornam-se a parte flexível da proposta. A escola pode oferecer dois dos cinco itinerários, quatro deles são de aprofundamento nas áreas de conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais; e um na área de formação técnica profissional. Enquanto as instituições de ensino particulares adotarão as áreas de conhecimento, levando seus alunos à ascenderem ao ensino superior, a tendência da educação pública será adotar o itinerário de formação técnica profissional, levando os jovens a uma formação profissionalizante.
Professores e estudantes excluídos do debate
Apesar do Novo Ensino Médio trazer impactos para o ensino privado e público, não houve participação significativa dos profissionais de educação das escolas particulares. Para participar da construção da medida, professores deveriam ter horário sobrando em meio a pandemia, mas a grande maioria, estava sobrecarregada aprendendo a usar as novas ferramentas necessárias para o ensino remoto.
“Alunos e professores estão sendo atropelados por mudanças que não tiveram qualquer participação, tanto em discussões quanto na construção do projeto. Fomos informados e não consultados, apesar da medida nos afetar diretamente em todos os âmbitos”, avaliou o Presidente Professor Juliano Pavesi.
A propaganda para a reforma do ensino é clara: “O aluno como protagonista do ensino” e apesar disso os alunos podem ser os maiores prejudicados, principalmente os alunos de escola pública que serão obrigados a ver seus estudos direcionadosà profissionalização, para criação de mão-de-obra para o mercado de trabalho logo após finalizarem o ensino médio.
Redução de salários
Com a diminuição da carga horária das matérias obrigatórias, de 2,4 mil horas para 1,8 mil horas no Novo Ensino Médio e o fato de disciplinas como História, Geografia, Filosofia e Sociologia serem agora optativas, os professores da rede privada poderão ter seus salários reduzidos.
“Para os professores se há a diminuição da oferta de horas de sua disciplina, há a diminuição de seu salário. Este será um forte impacto da reforma do ensino médio. Estamos atentos e mobilizados, tomando todas as medidas para evitar mais este duro golpe”, finalizou o Presidente Juliano Pavesi.